O SONHAR ETERNO
Ele era um idoso
sentado na praça aos fins das tardes para olhar seus netos enquanto corriam,
alimentava os gatos solitários porque eles o faziam companhia, acenava de longe
para a garotinha simpática que o observava.
Ao chegar a sua casa percebia que sua
linda mulher que ele tanto amava já havia deixado o jantar preparado, ele a
olhava com se estivesse recitando o mais lindo dos poemas, ela sorria como se
dissesse "Eu também te amo, meu eterno sonhador".
Ao se sentar para o jantar ele se recordou
de quando amou e o seu amor o conquistou, que por coincidência era a
mesma que o seu jantar preparou. Ele se emocionou e pensou: “Naqueles velhos
tempos onde amar era o princípio para se relacionar, onde hoje é apenas questão
de apreciar”. Ele enxugou as suas lágrimas porque percebeu que o seu amor se
entristeceu, o idoso sonhador que se preocupava com o humor do seu amor.
Era um sábado à tarde, ela falou
Ele disse- como você adivinhou que foi o
lembrar do nosso encontro que me emocionou?
Ela respondeu- ah, meu querido sonhador,
você me olhou como aquele menino que estava tímido, mas gritando em seu olhar
que eu era o seu maior sonhar.
Ele sorriu e disse, eu sou como aquela
flor que o vento te entregou, ela não sabia para onde estava indo até que você
a salvou, naquele dia eu estava perdido até o momento em que você me abraçou.
Ao acordar no dia seguinte, sua sonhadora
ainda estava deitada, ele estranhou, a chamou, mas ela não o respondeu, então o
sonhador percebeu que acordou sem seu amor, ela havia chegado ao seu fim, mas
com toda a sua tristeza, ele ainda falou: ela não perdeu a sua beleza. Quando
voltou do velório, não viu seus netos correrem, nem a moça que o acenava, então
com seus olhos cheios de lágrimas ele falou "Ah, minha sonhadora você me
fez um sonhador realizado, sem coisas a terem me frustrado, porque ao seu lado
eu era o vencedor, mas como o seu fim chegou, eu sou um sofredor, porque quando
você me deixou, meu coração congelou. Meus netos não corriam mais, a moça não
acenava, nem os gatos me acompanhavam". No dia seguinte o sonhador tinha
amanhecido morto, mas tinha escrito em um bilhete. “Eu fui atrás do meu maior
sonho, porque só com ele eu sou sonhador"